MINHA PRECE
Senhor não há luz em minha frente
Em todo tempo noto a escuridão de meus erros
O tremor de meus lábios espalha minha oração
Pronuncio minhas preces em voz alta
Enquanto busco vossa presença
Vivo maldizendo vossas palavras
Não atrevo criticar vossos milagres
No entanto os procuro e não encontro
O que vejo são homens maltratados
Percebo dentre eles a fome e a miséria
São todos maltrapilhos e andarilhos
Tento invocar vosso nome pelo terço
Suas contas deslizam pelos meus dedos
Minhas mãos estão tremulas e amedrontadas
Olho o céu estrelas nos clareiam o caminho
Sei que posso tê-las como companhia
Sei que são dádivas divinas
Milagres que a natureza nos revela todos os dias
Não desejo vê-las sinto-me cego nesse momento
Escolho habituar-me às trevas da incredulidade
Onde permanecerei uma vez que não o avoco
Não prenuncio vossas palavras
A cólera de meus pecados se voltam contra mim
Percebo o suor que percorre meu corpo
Vivo a lhe buscar e não lhe encontro
Não incluo serenidade em meu espírito
Tento chamar vosso santo nome
Sinto-lhe santo no nome
Porém não encontro vossa santidade dentre os homens
Chamo-lhe no entanto não me escutas
Esbravejo contra vosso nome
Sinto-me vil em maldizer-lhe
Pertenço à casta dos banidos do paraíso
Sem dúvida serei o habitante das covas rastejantes
Num derradeiro lamento lhe peço
Senhor dê-me coragem para me modificar
Senhor faça desse corpo pecador
Uma morada de crença em tua benevolência
Senhor encontre-me e faça minha mudança.
António Manuel
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